Câmara promove Audiência Pública sobre Fake News
Mantendo sua tradição de fomentar debates sobre grandes dilemas da sociedade, nesta quarta-feira, 8, a Câmara de Santos Dumont foi palco da Audiência Pública “Fake News: O perigo das notícias falsas para a sociedade”. Os vereadores presentes, além de especialistas de diversas áreas – como jornalismo, educação e segurança pública – discorreram sobre o tema durante a audiência.
Os jornalistas Renan Oliveira, Assessor de Imprensa da Santa Casa de Misericórdia de Santos Dumont, e Gláucia Rabello, Assessora de Comunicação da Prefeitura, abordaram os problemas sociais e políticos que as Fake News trazem, dando exemplos de experiências profissionais de ambos e até de casos extremos onde pessoas foram agredidas e mortas por conta de boatos espalhados em redes sociais. Eles também lembraram que as pessoas comuns são os principais disseminadores de fake news e que se deve tomar cuidado ao compartilhar algo em suas timelines e grupos.
Renan Oliveira citou algumas das causas da grande disseminação dessas notícias falsas. “A fake news começa quando as pessoas deixam o ar do imediatismo falar mais alto e passam as informações sem apurá-las devidamente. Além disso, hoje as pessoas querem destaque nas redes sociais. Devemos tomar muito cuidado com o que postamos e devemos sempre buscar saber se o que estamos compartilhando é verdade ou não. Devemos procurar nos informar e saber se algo é realmente verdade antes de compartilhar”, alerta Renan.
Gláucia contou que já teve que desmentir notícias falsas sobre a Prefeitura e também deu exemplos de tragédias que ocorreram por conta de Fake News espalhadas nas redes sociais antes mesmo do fenômeno das fake News ganharem força no Brasil durante a corrida eleitoral de 2018 . “A desaminação de notícias falsas podem trazer vários problemas. Um exemplo grave disso aconteceu no ano de 2014, quando uma mulher de 33 anos foi espancada e morta no Guarujá-SP por conta de uma acusação falsa de que ele faria rituais de magia negra usando crianças. Uma tragédia horrível que aconteceu por causa de um boato maldoso.” A jornalista lembra da campanha de notícias falsas contra vacinação. “Também houve uma grande campanha contra a vacinação, com fake news compartilhadas dizendo que a vacina que faria mal e o Ministério da Saúde teve que intervir fazendo toda uma campanha para esclarecer que isso era mentira”, conta Glaúcia.
Ambos também deram dicas para as pessoas não caírem neste tipo de material, como sempre desconfiar de conteúdos compartilhados, pesquisar no maior número de fontes possíveis, refletir se essa notícia faz sentido e se atentar sempre de onde ela vem. Frisaram que esses cuidados são muito importantes para evitar que nós também sejamos disseminadores desses boatos que podem causar problemas graves para pessoas, grupos sociais e instituições.
André Diniz de Oliveira, Diretor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Santos Dumont, alertou sobre o perigo das notícias falsas dentro de instituições de ensino e falou do impacto que as Fakes News tiveram nas eleições de 2018. Renan de Souza, da Secretária de Educação, foi na mesma linha e lembrou sobre casos como o falso anúncio de não pagamento dos salários de funcionários. Renan de Souza ainda lembrou sobre a importância de buscar uma diversidade de fontes para não cair em notícias falsas e evitar a parcialidade de alguns veículos.
O Tenente Victorino, da Polícia Militar de Santos Dumont, e o Delegado Dr. Cleber Faria, da Polícia Cívil, falaram um pouco sobre o ponto de vista legal e penal envolvendo os que criam e disseminam fake news que visão difamar ou injuriar pessoas ou grupos. Eles ainda deram exemplos concretos de casos de agressões e perseguições ocorridas por conta de Fake News espalhadas, além de falsas acusações de crimes e acidentes ocorridos em Santos Dumont. Segundo o Tenente Victorino, um dos grandes problemas é que esses boatos são cada vez mais sofisticados e ficam parecendo reais com a utilização de montagens, o que nos obriga a ter cada vez mais cuidado antes de acreditar no que lemos no Facebook, WhatsApp e outras redes sociais.
O Delegado Dr. Cleber Faria reafirmou que a internet não é terra sem lei e que algumas notícias falsas e boatos espalhados podem ser tidos como crimes, casos de calúnias e difamações contra pessoas e grupos. O Delegado ainda citou a lei do Marco Civil da Internet e disse que a legislação sobre esse assunto deve seguir sendo aperfeiçoada, mas frisou que a educação é um ponto central para combatermos este problema. “Nós precisamos aprimorar a legislação brasileira, mas só isso não basta. Educação é a base de tudo e as pessoas precisam aprender a identificar essas notícias falsas e saber que é errado repassá-las. Seria importante que o estado implemente mais políticas de educação nas redes sociais”, pontua o Delegado Cleber.
Os vereadores Conrado, Cláudia Corrêa e Dorival também mostraram suas opiniões sobre o tema, pautando principalmente o impacto que esse tipo de material pode ter na vida pública e nas eleições. Na parte final da Audiência, pessoas da plateia puderam fazer perguntas sobre tema aos especialistas presentes e se mostraram satisfeitos ao terem suas dúvidas sanadas. “A Audiência foi muito importante para entendermos mais como notícias falsas e para entendermos como não cair em Fake News e os cuidados que devemos ter para não compartilharmos essas mentiras”, contou o estudante Eduardo Silva.
O Presidente da Câmara, João Batista, afirmou que a Casa seguirá buscando ser um espaço aberto para este tipo de discussão. “A Câmara continuará buscando promover esses espaços de conversa que engrandecem nossa prática cidadã e convida a todos e todas a participarem sempre conosco. Hoje foi muito importante para dialogarmos sobre esse tema tão importante e atual em nossa sociedade’’, afirmou João Batista.
Nas suas considerações finais, os especialistas convidados mais uma vez alertaram a população a ter atenção ao acreditar e sobretudo ao compartilhar conteúdos noticiosos. Lembraram que deve-se avaliar melhor e buscar mais de uma fonte antes de acreditar em alguma história ou notícia compartilhada nas redes sociais, pois um dos principais mecanismos que faz as Fake News funcionarem é a própria população que – em boa parte agindo de boa fé e outros agindo de má fé – propaga este tipo de material que pode ser muito nocivo.